domingo, 23 de fevereiro de 2014

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Eu sinto como se houvessem atmosferas brancas envolvendo imagens delicadas. E eu acredito em pessoas com a mesma força com que acredito em colisões. Está tudo seguro, por ora. Eles deixam que a pele caia, camada por camada. Revelam segredos, vaidades, medos e sonhos. Esse é o rastro da colisão: o que a gente deixa escapar. E ainda assim meu corpo sempre se recolhe... Num rastro de luz que me mostra um caminho no sentido corpo, alma. Não é fácil olhar para si com os olhos de dentro, mas não há uma segunda saída quando a gente percebe o caminho entre mantras, flores e estrelas. Só resta decorar a estrada de tijolos com flores perfumadas em suas margens. Estar longe me faz vulnerável a um novo tipo de sensibilidade. A atmosfera branca também envolve a minha solidão. E lua, que decora a janela do meu quarto, deixa um aviso silencioso e contido: Go on baby, go on. Mais uma vez, não me resta outra escolha. “É como estar condenado à felicidade”, um tipo quieto, solitário e pacífico desta. É como ter o destino desenhado entre as constelações, as Três Marias e outras mais, e o seu fim... O seu belo, trágico e invariável fim, é morrer de alegria. Até nas ruas mais desertas, nos becos, nos homens-poder-sem-fim, na própria tristeza, na sensibilidade: Ver brotar um único e belo rastro de cor.  As delicadezas são sempre envolvidas e lembradas. É a nossa pureza e nossa vaidade. 

domingo, 16 de fevereiro de 2014



When the day comes and all of them bums will reveal enchantingo persons
Come along...

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Sobre part(ir)


   De uma forma muito curiosa, eu sempre acreditei na mudança. Mudar os móveis de lugar, trocar os horários, atravessar a cidade por um novo caminho. Ir a um lugar desconhecido. Sobretudo, i-r. Numa viagem entre estradas perigosas, caminhos improváveis e incertos, jornadas longas de céus tempestuosos. E quando, num momento oportuno, resolvi ir embora do ninho quente e confortável, descobri novidades profundamente desagradáveis ao meu respeito. A parte boa é que aprendi, de certa forma, a lidar com elas.

   Existe um cara que me ensinou que na vida os desafios são indispensáveis, e que se você olhar bem fundo descobrirá que sempre há uma saída aguardando o seu alívio. Esse mesmo cara foi quem me ensinou a abrir as asas, olhar pra frente, admirar o céu, e respirar fundo. Quando os dias apertam, a solidão machuca, eu penso nele... E em como ele espera que eu torne essa nova jornada em algo extraordinário. Na cidade verde eu conto as delicadezas, as desventuras, os triunfos. Eu me encanto nos espaços em branco que não conheci, e com as pessoas-sem-nome que esbarrei na noite passada... E algumas revelações são concedidas... Como a verdade sobre a liberdade que todos falam e cobiçam. Esse sonho é como uma solidão disfarçada, um choro contente, uma vaidade volátil. Sonhar também tem um preço.


   Não há um caminho mais fácil; o segredo é não olhar para trás. Aprendi a fechar as malas, fechando ciclos. Deixando pra trás o que não me pertence, guardando no coração aqueles que não passam, ficam. Enfeitei as estradas com um brilho florido, e todo o meu mundo, universo, ou seja lá o que for essa atmosfera que me cerca, possui um gostinho agridoce, com sonhos sobre ir em frente, sobre ir de encontro ao mundo, entrando em carros/ônibus/aviões com uma lágrima fugida, um alívio pesado. Haverá sempre um amor deixado nas rodoviárias, haverá sempre um pai sonhador e uma mãe preocupada acenando pra você do lado de fora. Você pode olhar para eles, e assisti-los caminhando de volta para suas vidas, esperando que seus olhos sejam capazes de registrar a última sombra, o último pedaço de pele... Aí então você fecha os olhos. Deixa a lágrima fugir, sorri um sorriso leve, e compreende, em algum lugar dentro de si, que o mundo a espera ansiosamente. E cada lugar, cada paisagem, cada mistério revelará verdades ao seu respeito. Eu percebi... Não importa quantos quilômetros eu tenha percorrido, as viagens possuem sempre uma mesma distância: Da mente para o coração.