terça-feira, 24 de abril de 2012

Translações e Rotações

Essa é uma carta escrita para ser atirada contra o vento, sem envelopes ou assinaturas. Nas próximas linhas espero honrar o triunfo dos recomeços, das nossas vidas que perdem-se em vielas enquanto se preparam para brindar o alcance de novos céus.

A gente não conhecia a grandiosidade das nossas palavras enquanto confessamos segredos no sofá azul, mas é fácil perceber a atmosfera limpa que enchem meus pulmões de vida e me fazem não querer fechar a porta da varanda: Eu recuperei a minha astúcia. Foi como boiar sobre as águas de um rio e presenciar o fim dos nossos medos e o início de um mundo misterioso e instigante: Olhar para cada um dos lados e enxergar a infindável beleza do horizonte, quando o dia já não era mais dia, e a noite ainda não havia nos presenteado com as estrelas. Eu me encontrei entre o sol que adormecia lentamente, deitando-se atrás de uma colina, e a lua que se estendia destemida com a sua habitual elegância.

E enquanto houver a escuridão transformando-se em luz, e até mesmo luz que se funde em escuridões, eu serei capaz de sobreviver. Como despertar em uma manhã e ser capaz de ser levada através do canto dos pássaros, sem medos e agonias. As rotações nos tornaram capazes de alcançar a serenidade. Ainda seja bem vindo o caos do tempo que nos rompe ao meio e nos atira pedras contra a face. Aprendi que não posso correr do que machuca e corrói. Houve quem me puxasse pelo braço e dissesse para não temer: E eu não temi. Quando dei por mim estava sob as águas, imersa sob um misto de calmaria e tempestade. Mas não gritei. Não nadei até a superfície. Para ser honesta, ainda estou sem fôlego.

Como um sábio lhe confessou: “Hora do mundo dar mais uma cambalhota para trás

Para que o mundo vire mundo e possamos comemorar mais um triunfo. Para que um dia os anos virem história e possamos nos encontrar entre parágrafos gigantescos. Para que adormeçam os medos e desperte a glória da nossa astúcia. E que as noites sejam longas com sabor de eternidade (pra fazer o mundo caber entre as paredes de um quarto).

4 comentários:

  1. Que essa astúcia sopre (ou faça um furacão) por aqui...Ando com saudade de sentir essa falta de fôlego.
    Lindo, Isla... Lindo.

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    1. É triste a sensação de não ter controle sobre as coisas, mas a verdade é que os furacões chegam quando a gente menos espera, Bia. E vai ver esta nossa falta de controle não seja algo tão triste assim...
      Obrigada, Bia. Muito obrigada.

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