quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sobre quem veio e permanece sem nome

     Creio não ter tocado antes nessas imagens por covardia. Enxergo nas palavras uma projeção intensificada dos sentimentos, portanto escrever expressaria a confissão do que há escondido, algo que foi sufocado, não pelo medo, mas pelas circunstâncias. Como uma espécie de sementinha que germinou naturalmente, mas no meio do caminho deparou-se com um solo abandonado e uma vez sem ser cultivada a semente teve seu crescimento interrompido... Restou-me uma plantinha sem nome, cheiro ou cor. Não sei se é alecrim ou erva-daninha.
     É desconfortável ter de aprender com esse sentimento que apesar de não ter nome, tem saudade. Adormece por um grande intervalo de tempo, finge-se de morto. Entretanto, depois ressurge na tristeza, na insônia e nas memórias cavadas. Após algum tempo forma-se o tipo de confusão que lhe venda os olhos e prende as pernas. Não há nada de errado com o que passou, mas há uma certa agonia presa no peito por não saber o que se sente no final das contas. Isso parece coisa de quem tem medo de assumir que guarda carinho, e eu sempre me julguei corajosa o bastante para não negar o que se passa. Mas o que aconteceu foi diferente, ao menos pra mim. Num misto de encanto em que meu maior defeito foi calar para admirar e guardar sem reconhecer. Minha preocupação não era nomear o que se passava, nem parar pra entender. Estava tudo bem enquanto eu me envolvia, e depois da primeira pausa eu posso lhe jurar que não imaginei que estaria tão bem. Naquele primeiro momento eu havia reconhecido que existe algo de muito bonito nas plantas que a gente cultiva sem nem ao menos saber, num solo que nunca havíamos tocado antes, mas que foi fértil o suficiente para dar conta de todo florescimento. E neste caso, seria burrice ou até mesmo falta de gratidão me lamentar pelo jardim que adormecia no inverno. O que eu contava era a primavera e o cheiro doce que ela havia deixado nas minhas roupas e lençóis. Eis então que, mesmo no inverno, uma plantinha consegue levantar-se. De encanto durou apenas uma noite, e eu, mais uma vez, encantada e surpresa demais para formular qualquer tipo de questionamento sobre tamanha incoerência, calei-me. Durou apenas uma noite o silêncio e a quietude da mente, bastou o sol despertar para que o medo e a insegurança tomassem conta do lugar... A partir dessa manhã confusa, eu me tornei a dúvida, o que eu não sabia, o que eu não deveria tocar. Maldito inverno que fez questão de acordar. Eu sei que por muito tempo tentei me enganar com a pretensão de que posso fazer o tipo inalcançável... Bobagem. Não é um fardo guardar e enxergar a vida como um momento especial. A naturalidade dá aos momentos um sabor diferente e o carinho brotou da minha falta de pretensões sobre o que poderia surgir do amanhã. Eu só queria regar um pouco mais, cuidar até não poder mais, e depois dizer adeus olhando nos olhos e tendo a consciência de que eu havia depositado meu carinho num conto que valia a pena ser lido e relido.

     Eu vou finalizando esse texto como quem tem pressa de calar a mente para ser capaz de continuar seguindo em frente. As estações vão passando, pula-se outono, pula-se inverno, e eu vou aprendendo a reencontrar a primavera do meu jeito, pra poder lembrar sem essa saudade que só faz confundir o que há por vir no depois... Essa é uma daquelas histórias que perduram sem nome, sentimento que só tem rosto e cheiro.

Um comentário:

  1. Olá, nos ajude a chegar na meta de 800 seguidores até o fim do ano? Estou contando com você e te espero lá, beijos.
    http://fasesdegarota.blogspot.com.br/

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