sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Novembro
I didn’t know

Existe uma parte da história que só se expressa através do silêncio. É como o grito sufocado que preenche um capítulo inteiro com o vazio. Primeiro, o título. Três páginas depois, um único ponto final, e o que há entre o começo e o fim cabe unicamente aos que são capazes de capturar a tristeza deselegante resultante de semanas entre poucas convicções e um choro sufocante guardado não sei como, causado não sei o porquê. O meu silêncio foi a falta de encanto, eu andava dentro de mim  e permanecia incapaz de sentir um único centímetro do meu corpo.

Novembro foi o meu coma. A minha inconsciência. A falta de pulso e de fome.


Dezembro
Please little bird, don't go away


O amanhecer guarda segredos sobre o nosso renascimento, mas por algum motivo eu não me interessava em buscar esses mistérios. O telefone estava desligado e as cortinas fechadas, não havia ninguém em casa e nada que me fizesse querer abrir a porta do quarto escuro. Eis que ouço um barulhinho vindo da janela... Era um pequeno pássaro de barriga amarela bicando a janela como se quisesse me convidar para ver o nascer do sol, e a imagem guardada do outro lado da janela junto ao passarinho era incrivelmente deslumbrante. A cidade estava imersa sob uma quietude inocente, as casas guardavam com as portas fechadas o sono de famílias inteiras, e para quebrar a imagem paralisada de uma cidade que ainda dorme, havia um moço descendo a rua em uma bicicleta. Desejei poder descer a rua também. Naquela manhã eu percebi que precisava levantar para me conhecer um pouco mais. Encarar as perguntas que desenham curvas no reflexo do espelho... Era uma missão difícil, acreditem. Entretanto, não há uma única tristeza na vida que não possa ser derrotada pela energia transmitida em um pôr-do-sol na estrada. Viajei. Por semanas inteiras, de cidade pra cidade. Em cada lugar, uma situação, uma obrigação, uma descoberta. Foi uma bela maneira de finalizar o ano. Terra e céu, sempre na beleza de alcançar mais um pedaço de mim. Pedaço este, perdido entre horizontes.

Ao voltar para o quarto escuro me deparei novamente com o mesmo pássaro de barriga amarela. 
Até hoje ele vem me visitar, e eu lhe agradeço por ter me despertado. 


Janeiro
A brand new start


Algo aconteceu em um momento peculiar demais para ser descrito, como uma espécie de acontecimento grandioso capaz de mudar as estruturas de um corpo que já não era tão destemido assim. Existem histórias sobre pessoas que gritam, mas há também uma parte belíssima para aqueles que acontecem em silêncio. A culpa é do mistério que sempre me fascinou. Como por exemplo, o universo, a psique humana, o corpo contagiado por todos os sentidos, desde a repulsa até o incontrolável desejo. Escrevi uma carta de despedida a mim mesma e a queimei como uma espécie de oração feita diretamente aos ventos, que levem embora o que havia de negativo entre minhas palavras e que perdure em mim a esperança, a fé e a coragem. Eis que algo surgiu, somente "algo", sem especificações concretas ou ilustrações. Era algo parecido com o despertar, mas que ia além dos sentimentos contidos nos recomeços. A palavra certa: Renascimento. Algo que me ocorreu de dentro pra fora, e ao passar dos dias vai tomando mais força, mais ousadia, mais ginga e confiança. Nas preces e no conhecimento sobre um novo mundo eu encontrei o acolhimento, a calma, a serenidade. Respostas que calam, aos poucos, os gritos do meu Ego. Finalmente, eu cresci. No momento em que deixei no passado o que a ele pertencia: Os medos, as mágoas, as palavras não ditas e o choro não derramado. Sustentar imagens ilusórias sobre passado e futuro me arrancavam do momento presente, e eu sempre me encontrava em outro plano onde não era capaz de tocar em uma felicidade real. Entreguei ao universo tudo aquilo que não está sobre o meu poder e a partir de então, meus passos se tornaram mais leves e a minha estrada, mais serena. Certa vez, um amigo/mestre me disse "A vida é como uma espécie de quebra-cabeça, a gente só vai juntando as peças enquanto caminha". Caminho, movimento o corpo, alimento a mente e enquanto houver harmonia entre os meus passos, o universo me entregará o que é essencialmente meu. E a vida se revela nas margens de um livro cheio de mensagens carregadas pela sabedoria de quem um dia soube revelar e compartilhar o conhecimento. Enquanto isso o mundo vai nos surpreendendo... O mundo exterior que tocamos, que nos presentei com golpes fortes capazes de nos tornar um pouco mais fortes e com pessoas iluminadas que cruzam nosso caminho entre encontros e desencontros, que sempre deixam uma marca, uma aprendizagem. E a parte interior, que constitui a beleza da solidão, a pureza estar em paz consigo mesmo. Olhar para dentro e perceber que as respostas que procuramos fazem partes do nosso ser. E no fim, a conclusão me leva até a verdade sobre as viagens que fazemos em busca, sempre, da evolução... Vidas inteiras, morte e nascimento, sempre o mesmo propósito: Evoluir.

Fé, coragem e gratidão, é o que eu guardo para a nova jornada.
(Nas margens do que há sobre a nossa nova revolução)


Um comentário:

  1. Viva la revolución! Que ela continue se propagando aos quatro cantos, ventos, mares e corações, e que ganhe cada vez mais e mais força pra unir nossas confusões, quereres e vontades em um só grito de liberdade. Concretizemos o voo rumo ao infinito!
    <3

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