domingo, 19 de fevereiro de 2012

Eu queria me esconder um pouco menos e aprender a ter a voz firme. Às vezes peço licença e vou caminhar na beira do mar, minha única companhia é a solidão e as ondas que se quebram. No meio do caminho eu colho gravetos para escrever promessas na areia: Gosto de pensar que quando as ondas apagam as palavras, elas levam consigo o significado. O mar quando encontra o céu no horizonte faz o mundo ficar infinito, abrange o coração e me convence de que sou grande o suficiente para suportar qualquer desventura.

Faz tempo que não escrevo, mas não é por falta de sentimento, é por não saber mesmo. Como quando a gente fecha os olhos e sente o mundo gritando, mas quando abre novamente, só há silêncio e uma aparente calmaria. Eu queria ter olhos de quem é mágico. Olhos de gente que vê além das cores e dos trajes, gente que sabe um jeito de deixar a vida mais encantadora e intrigante. Eu nunca reparo em detalhes gritantes, mas o céu ao entardecer consegue prender a minha atenção. Estou contente por ter tintas e pincéis ao meu alcance... Faz alguns dias que dei vida a mais um papel em branco, e colei na parede para deixar esse mundo um pouco mais colorido. Estou contando os dias para o fim do ano, mesmo sabendo que este será o fim do meu mundo. A gente já perdeu a graça, a inocência, o encanto. A vida está lá fora, do outro lado. Sem cintos de segurança ou tornozeleiras. A gente foi feito pra cair e se rasgar, pra doer mesmo. Receio as despedidas, os laços que infelizmente serão quebrados. Não há como prever o que os anos nos guardam, só dá pra sentir medo e aproveitar o encanto que nos resta.

Porque o mundo está nos esperando, mas a juventude ainda será nossa.

Estou contando os dias para Junho e pro mundo. Minhas pernas são feitas de agonia e querem se soltar do chão. Eu quero voar e atravessar o oceano pra descobrir, sozinha, aquilo que nunca esteve aqui. Eu vou me buscar lá fora, e tentar me trazer de volta. Só não tenho a ilusão de me prender nesta terra ao voltar para casa, pois eu sempre soube, eu sou do mundo.
A gente precisa fazer as malas e pedir desculpas aos que ficam para trás. A gente precisa chorar a dor que o passado acumulou dentro do peito, e a respiração ainda precisa ser um pouco doída para ser fiel ao que se sente.

Eu vou escrever cartas para dizer como o mundo ainda pode ser bonito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário