terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quero o mar pra mim. Em um fim de tarde, na hora em que o céu é pincelado com tintas em tons pastéis. Só pra jogar fora os sapatos e deixar as ondas beijaram meus pés, em uma leve carícia. Quando encaro o horizonte, sinto que a imagem diante dos meus olhos é capaz de despertar a esperança que por tanto tempo permaneceu escondida. Eu me encontro nas ondas… Mais necessariamente na hora em que elas se quebram, em encontro com a areia. Soa como o choque entre aquilo que sinto, com aquilo que enxergo. A alma e os sentidos. Depois de vagar por todo o oceano, chego ao fim da minha trajetória… Trago conchas e seres marinhos. Trago também as dores e todos aqueles amores; Por isso me quebro. Não deixo sobrar nenhuma sombra do que fui, mas faço na areia uma marca para avisar a minha chegada. São nos dias em que a lua muda de fase que me revelo. As máscaras sob as quais escondi minha face são jogadas ao chão, em um ato de fúria. E assim, vou quebrando-me e retornando. Em tempos, me deixo ser despida pelos ventos… Quem fala agora é a alma, o meu ponto mais profundo e desconhecido. Tece gritos sobre as dores que a apunhalaram. Rebela-se contra as incertezas, e contra tudo aquilo que um dia a confundiu. Esse é um dos meus pontos extremos… Quando dispenso a racionalidade e falo com o coração. (…) Na manhã seguinte, venha sem medos. Volto a andar pela praia, e me deparo com um mar-morto. Sou brisa leve, por ora. Morro assim, pouco a pouco. Como se houvesse tomado a dose de um veneno nocivo, que vai me consumindo através das noites, durante anos. Morro em esperanças, depois de uma noite furiosa. No fim de tarde volto a quebrar-me… Mas não se assuste. A fúria faz parte de mim. Sou feita da lua e do mar.

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